quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Proguaru fala sobre asfaltamento de ruas de Bonsucesso

O diretor da Proguaru, Sr. Carlos Derman conversou com a Folha de Bonsucesso no dia 25/11 sobre o asfalto de várias ruas da região levando-se em conta a reportagem de nosso número anterior.
Folha de Bonsucesso: O que o Sr. Poderia nos dizer em relação ao asfaltamento da rua São Vicente Ferrer citada em nossa reportagem?
Sr. Carlos Derman: As obras já estão contratadas. As obras em um trecho da Remanso, da Piau, da Descoberto. Os trechos (são) da parte de cima, que não exigem tantas obras de drenagem. Já foi dada a ordem de início, mas a empresa não começou. Nós estamos discutindo com eles. (Após a entrevista, a empresa contratada iniciou as obras)
FB: Para a São Vicente Ferrer tem alguma expectativa?
Derman: Tem sim. Nós fizemos projetos, fizemos a licitação. Nós temos condições de começar a obra o ano que vem. Agora estamos discutindo com a prefeitura os recursos, as condições técnicas...
FB: Só no que vem?
Derman: Este ano está acabando. Está chegando o período de chuvas intensas. São obras que não é possível fazer com chuva. Mas, ainda assim, creio que é possível a parte alta, porque não tem tanta drenagem. O solo é melhor.
FB: E a Rua Remanso?
Derman: Um trecho da Rua Remanso, sim.
O trecho que fica entre a Rua dos Prados e a Rua Tamotsu Iwase.
FB: Não há como fazer toda a Rua Remanso?
Derman: Não! Nós estamos fazendo os projetos. Tem problemas de drenagem, de galeria. (...)
Tem um trechinho que já está asfaltado, na Prado. A idéia por enquanto é continuar até a Tamotsu Iwase, a Remanso, a Piau e a Descoberto, que são paralelas, e as transversais, indo da Armando Bei até a Descoberto. A parte de baixo, São Vicente Ferrer, Guindoval, Santa Maria, é uma obra que está contratada. Estamos discutindo com o prefeito,
vamos discutir com o Orçamento Participativo também, para que se abrevie esses custos. As obras em toda essa região da Nova Bonsucesso são caras por terem muitas galerias. Têm locais nos pontos baixos em que o solo é muito ruim,(...), a terra é preta. É a mesma coisa na São Vicente Ferrer, ou na Guindoval, (...) na altura da Turvolândia, que já esta mais próxima ao rio Baquirivu, é uma terra muito ruim. Você tem que tirar toda essa terra e fazer a troca de solo, colocar
rachão, colocar argila, (...) além de ter que fazer galerias. São obras caras, complexas. (...) As obras de galeria e parte das obras de pavimentação são pagas pela prefeitura. A outra parte (...) os moradores pagam de forma parceladas após a conclusão das obras. (...) Eu posso prometer a parte de cima, a parte de baixo vai depender da disponibilidade de recursos.
FB: Então, para a São Vicente Ferrer não há previsão por enquanto?
Derman: Não! Nós temos condições técnicas para fazer. Temos um projeto, já fizemos até a licitação, e existe uma sinalização de que o prefeito quer fazer a obra. E é muito provável que ela saia. Agora eu tenho que ter certeza dos recursos.
(...) Tem muitas coisas ainda que faltam fazer na Nova Bonsucesso, nos dois lados da Armando Bei. Em todos os lugares tem moradores que estão mobilizados com razão. São muitos anos de descaso!
FB: Na Catarina Maria de Jesus, em frente da Meridiano, tem uma lombada inversa...
Derman: R- (...) Foi uma besteira que fizeram. Não é difícil de resolver. É só fazer a boca de lobo e tirar a lombada. (...) A Catarina Maria de Jesus tem que ser refeita, (...) tem que refazer a drenagem. (...)
FB: Há uma mobilização de moradores para tirar aquela lombada invertida.
Derman: Ninguém nunca falou sobre isso comigo.
FB: E com Relação ao Bambi?Estivemos lá esta semana e observamos que as guias já foram colocadas... (estivemos na região em 19/10)
Derman: No Bambi tem um problema grave de esgoto. O esgoto hoje é jogado nas galerias de águas fluviais... O (...) o SAAE esta estudando uma solução. O caminho natural do esgoto vai para um local que é chamado Bosque
do Bambi. Não pode ser lá o lançamento. Vai ter que instalar uma estação elevatória e levar o esgoto para outro lugar.
Até agora isso não foi feito, não dá para discutir pavimentação.
O que eu acho mais importante no Bambi seria a pavimentaçãode acesso, a estrada do Morro Grande. (...)
FB: As pessoas acreditam que algumas ruas constam como asfaltadas e, na realidade, não estão.
Derman: A prefeitura sabe exatamente as que estão asfaltadas e as que não estão. (...) Sempre falam isso, mas não é verdade. Essa desculpa nós não temos. Não corresponde. (...)
FB: Dá para se ter uma data aproximada em relação à São Vicente Ferrer?
Derman: Eu não posso dar data. Como eu falei, seria uma obra para o ano que vem. E vai depender da disponibilização de recursos e teríamos condição de estar iniciando em Março ou Abril, após o período de chuva. Não é uma obra que dá para fazer com período de chuva.
FB: E com relação a Rua Remanço ?
Derman: Um o trecho da Remanço queremos fazer este ano ainda. A firma já deveria ter feito.
FB: Quando vocês contratam uma determinada empresa e ela não corresponde com aquilo que foi contratada, (...) quando se faz uma licitação é colocada alguma clausula para que a empresa justifique ou não, o feitio da obra? Por exemplo,
eu posso fazer um orçamento com preço menor sem ter condições de executar a obra.
Derman: (...) A empresa tem que ter atestado de que já fez obras similares. Tem que provar que esta em dia com os impostos, ter responsável técnico, um engenheiro, e nos fazemos todas as verificações. (...) O contrato prevê que você pode multar, reincidir. Às vezes isso acaba atrasando mais.
FB: Isso tem ocorrido?
Derman: Tem ocorrido com algumas empresas sim. É pelo fato que tem empresa que pega muita coisa para fazer e não consegue. Nós multamos várias vezes por causa disso, reincidimos contratos.
FB: Volta tudo ao 'zero'?
Derman: Depende, quando você faz uma licitação e a empresa que ganha não cumpre e você reincide o contrato, você pode contratar a segunda colocada, a terceira, a quarta, desde que elas topem fazer a obra pelo mesmo preço que a primeira propôs.
Mas, em geral não topam, eles já tem um preço maior que é o adequado para eles. A lei também estabelece critérios sobre exeqüibilidade (...)

Nono no no no no no no

Muita luta, muito trabalho! A Folha de Bonsucesso e Região conseguiu resposta da Proguaru em virtude da reportgem realizada no número anterior. Tivemos, também, a atenção de vários segmentos políticos de Guarulhos e de São Paulo! Parece que, finalmente, nossa região passou a ser lembrada. O que não conseguimos quando temos um veículo para poder reclamar nossas necessidades e angústias, não é? Esperamos que, num futuro não muito distante, possamos ter representantes de nossos interesses na Câmara de Vereadores. Não aqueles candidatos que vêm aqui para pedir votos e, depois, desaparecem sem deixar vestígios. Queremos homens e mulheres sérias, que conheçam nossa terra, nossa gente, nossas necessidades e, que, principalmente, sejam residentes da região! Isso não só é possível como também é perfeitamente viável e este jornal se prontifica a divulgar o nome desses nossos futuros representantes. Não importa o partido aos quais pertençam. O quesito principal é: morar na região, reconhecer publicamente nossas necessidades comprometendo-se a, se eleito, lutar para a solução das mesmas. Vamos deixar de colocar vereadores de outros bairros na Câmara! Nosso bairro, de acordo com o censo de 2.000, tinha 68.757 habitantes! De 2000 para cá, passaram-se 8 anos! Crescemos, desenvolvemos e, é claro, aumentamos nossos habitantes. Vamos fazer um cálculo? Vamos supor que aumentamos de lá para cá em 50% o número de habitantes: passamos, então, para 103.136! Vamos supor que um terço seja de crianças e pessoas que não votam. Temos, então, 34.380 eleitores. Se considerarmos que, com 3500 votos temos um vereador, podemos, arredondando, fazer 10 ( eu disse DEZ!) vereadores em nossa região! Não é maravilhoso? E a Folha de Bonsucesso os apoiará!

Professores de Bonsucesso lançam livro infantil de cunho

Dia 25 de novembro, Domingo, os professores Yonar e Emmanuel Peixoto, lançaram a coleção de livros infantis, de cunho afro, "Atividades de Orixás". Idealizado pela professora, teóloga e escritora YonarPeixoto, os livros são indicados para a divulgação da cultura afro-brasileira e a obra é inédita no mercado. Num momento em que o MEC (Ministério da Educação e Cultura) se preocupa com esse tipo de divulgação cultural,a obra vem a calhar. "Ainda existe muitopreconceito por aquilo que não se conhece, poraquilo que nos é estranho. Somente o conhecimento nos permite entender e compreender as diversas manifestações culturais e religiosas que fazem com que o Brasil seja tão pluricultural como é. O Brasil é um dos celeiros culturais mais abundantes do mundo e não podemos permitir que todo esse conhecimento não seja conhecido (e reconhecido!) por nós, brasileiros, enquanto o mundo já se deu conta disso!", comentou a autora Yonar, que mora em Bonsucesso a mais de 30 anos e já trabalhou em diversas escolas da região. O lançamento contou com a presença de vários artistas e autoridades municipais, estaduais e federais preocupadas com as questões afro em nosso município.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Fórum da Educação

Aconteceu a Pré-Conferência Municipal de Educação dia 21 de Setembro no CME Adamastor, Macedo. Estiveram presentes representantes da educação municipal e estadual além de alguns vereadores. O objetivo do fórum é dar seqüencia ao plano nacional de longo prazo previsto na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 214. A iniciativa é louvável, pois, a educação no Brasil, e por extensão em São Paulo e Guarulhos, necessita urgentemente de especial atenção, porém, alguns itens merecem ser apontados. O documento distribuído aos participantes cita o artigo 2º da Lei 10.172/2001 que determina a elaboração de planos decenais e, continua o parágrafo, "evitando que os municípios aguardem eternamente (grifo nosso) a iniciativa da esfera estadual". Concordamos com o texto nessa parte. A política aplicada para a educação, tanto na esfera estadual como municipal, deixa muito a desejar. O assistencialismo, muitas vezes, engoda o leigo para as causas mais profundas. Para se ter idéia, o salário que o profissional da educação recebe é composto por gratificações que não são incorporadas no caso de afastamento por licença saúde ou aposentadoria. No caso de paralisação, não têm seus direitos assegurados (não era isso que pregava o presidente quando era líder sindical?), como por exemplo, a mando da Diretoria de Ensino, os diretores tiveram que enviar a relação dos professores que, no dia 14 de Setembro, participaram da passeata em favor de seus direitos. Por quê? No município circula uma orientação do DEE que, na falta de professor, os alunos deverão serão remanejados para outras classes "ainda que tal fato cause transtorno a todos". Assim sendo, classes mais cheias, aprendizagem prejudicada. Continua a orientação dizendo que "o professor não pode se negar a receber aos alunos em sua sala, a menos que faça um documento de próprio punho explicando os motivos e assinando.
O documento será encaminhado ao Departamento de Ensino Escolar, junto com um memorando do Diretor, onde os fatos serão apurados". O aluno tem, é claro, o direito ao dia letivo. Mas a que custo? Uma sala lotada não permite um trabalho adequado.
Por que não contratar mais professores adjuntos?
Não se pode dar melhores condições e salários para os professores? Por que a APEOESP, o maior sindicato da América Latina que representa os profissionais da educação, não foi inicialmente convidado para participar do fórum? A política 'barriga cheia, cabeça vazia', não pode ser adotada! Deveser: 'barriga cheia, bolso mais cheio e cabeça mais cheia ainda!"
Na foto mesa composta por vereadores e autoridades.

A voz da população

A população, representada por Tielis Barthman, participou de várias reuniões com as autoridades 'competentes' solicitando pavimentação para a rua São Vicente Ferrer, na Vila Nova Bonsucesso. Porém, os inúmeros prazos por parte da Proguaru e Prefeitura, desde 2006 para o início das obras, não foram respeitados. O último prazo venceu em 15/09/2007. "A população não sabe mais a quem recorrer, pois parece que vivemos em um país de desmando, onde as autoridades não cumprem o que prometem e nada acontece com eles. A população, que paga seus impostos, está sendo a maior prejudicada, pois existem aqui muitas pessoas doentes por causa da poeira e do excessivo cheiro de esgoto que, em parte, corre a céu aberto", diz Barthman que conclui citando "o descaso da Prefeitura de Guarulhos e atuais vereadores que só se lembram da população na hora do voto e depois desaparecem". O Prof. Emmanuel visitou o local e confirmou a necessidade de pavimentação.
Barthman tendo, ao fundo, a Rua São Vicente Ferrer

Nosso povo, nossa história!


Quando falamos da Bonsucesso de hoje com certeza não nos lembramos de nossas tradições, daquela impressão de que o tempo parou em relação ao progresso da região. Dona Neiza, uma das mais antigas do bairro (nasceu em 29 de outubro de 1925, cresceu e aqui vive até hoje, em Bonsucesso!), da tradicional Família Marcondes, nos traz a sensação da tradição, dos costumes, de sua culinária maravilhosa,
com suas receitas e temperos, na cozinha que mantém os antigos azulejos floridos, chiquérrimos antigamente. Moradora na casa grande, ao lado direito da Igreja Nossa Senhora do Bonsucesso, foi merendeira da "EEPSG de Bonsucesso" (atual E. E. Estevam Dias Tavares), no tempo em que os pais enviavam legumes de suas hortas, para enriquecer a merenda, tarefa que ela realizava com muito carinho. Tive o privilégio de presenciar várias tardes em que ela se sentava no degrau do pátio, junto a minha mãe, D. Iraci, que era cantineira, 'proseando' e, de prosa e prosa, todo legume era cortado e preparado para a merenda do dia seguinte. E que mãos de fada para cozinhar! Hoje, ela nos conta às histórias que ouvia e que o tempo (se não cuidarmos) se encarregará de apagar. Do tempo em que havia uma hospedaria em Bonsucesso (em frente da igreja) que recebia nada mais nada menos que D. Pedro, que vinha para São Paulo a galope e se instalava ali para descansar. A hospedaria, as diversas administrações municipais se encarregaram de acabar. Virou a casa dos padres. Ela chegou a trabalhar no local. Arrumava a casa dos padres_ serviço que era um privilégio na época, pois poucos dispunham da confiança do clero. Estudou até a quarta série em uma escola rural que ficava em frente de sua casa. Mesmo tendo concluído o primário, continuou na escola até os doze anos, em 1937. Quando precisou do diploma, foi encaminhada a uma escola na Praça da Sé, em São Paulo, onde fez uma prova de conclusão e recebeu o diploma de 4ª série com mérito. Seu avô, homem público, o Sr. Felício Marcondes, teve um bom cargo político em Guarulhos (de 1891 a 1894, com o advento da República, o Governo Provisório nomeou quatro intendentes: Vicente Ferreira de Siqueira Bueno,Antônio Dias Tavares, Luiz Dini e Felício Marcondes Munhoz) e, dessa forma, trouxe escola e outras melhorias para a região.
Em relação à "Festa em Louvor a Nossa Senhora do Bonsucesso", uma das mais antigas do Brasil (segundo a Igreja Católica, essa festa é realizada desde 1741), diz que também passou por alterações. Durante todo o mês de Agosto, a população 'decretava' feriado, e trabalhava pelas obras da igreja que se encarregava de preparar a comilança. O povo capinava toda a região ao redor da igreja e fazia a manutenção (na primeira segundafeira
de mês de Agosto, realiza-se o Dia da Carpição). As pessoas que sofriam de enfermidades faziam promessas, trocando seu trabalho pela cura. A terra colhida, considerada sacra, era levada para ser misturada à lavoura, garantindo assim a fertilidade da terra e a boa colheita por todo o ano. Servia, também, como remédio para todas as enfermidades. Essa tradição perdura até os dias de hoje. Conversar com D. Neiza dá a sensação, de fazer parte da história e reviver momentos que o tempo deixou para trás.
Por Yonar Peixoto

Núcleo Central de Bonsucesso e um dos ramais da antiga "Estrada Geral"_ provavelmenteda primeira metade do século XX. Na foto, percebe-se: a utilização das estradas e caminhos;A igreja de Bonsucesso, edificada por volta de 1741; a capela de São Benedito (ao fundo).Lugar das tradicionais festas da Carpição e de N.S do Bonsucesso. (Fonte: AHCG. Autoriadesconhecida. Data: provavelmente primeira metade do século XX)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Agnaldo Timóteo é nosso entrevistado









O vereador com Agnaldo Timóteo (PR/SP) concedeu entrevista a pedido da Folha de Bonsucesso e da Folha Afro de Guarulhos (nosso próximo veículo de comunicação). Homem público, amável, gentil com os amigos e ferrenho com aqueles que, por algum motivo, não fazem jus a sua amizade. O vereador Agnaldo Timóteo falou sobre assuntos referentes ao mundo, ao Brasil e ao nosso município, sobre cultura afro, racismo e intolerância. Incisivo em suas colocações e eloqüente em seu discurso, em momento algum escondeu seu ponto de vista. Por ser um diálogo aberto, sem preparo prévio _o entrevistado não teve acesso aos assuntos tratados _, mantivemos as respostas na integra, sem nos atermos às marcas de oralidade.
Folha de Bonsucesso: O Dia do Professor, 15 de Outubro, sempre foi feriado. Em Guarulhos, o prefeito não deu esse dia e os professores tiveram que entrar na justiça para manter esse dia. O que você pensa disso, de não considerar o ponto facultativo?
Vereador Agnaldo Timóteo: Eu penso que a homenagem não deve ser feita através de feriado. Nem dia do professor, nem dia do Zumbi dos Palmares, nem nossa Senhora Aparecida, nem nada.
Eu acho que nós devemos ter todos os dias consignados em homenagens a figuras da historia e tudo mais sem que nos tivéssemos que parar a nação. Eu não acho justo. Ninguém merece mais_ e ninguém merece mais do que o professor_ uma homenagem desse seu dia e tê-la. Mas porque ser feriado para o dia de Zumbi do Palmares? Porque não o dia de Airton Senna _que nos deu muito mais alegria que Zumbi dos Palmares!_ ou dia do Garrincha, ou o dia do Pelé? Ou não seria justo nos fazermos isto? Eu acho que o Brasil tem feriado demais, e os professores, que são a mais importante categoria do mundo, do poder publico, eu acho que eles não precisam de ficar em casa no seu dia. Podem continuar ministrando suas culturas, seus ensinamentos, mostrando aos jovens um caminho que lamentavelmente estão perdendo. Você (imagina!) meninos de 15 anos, armados de 45, fazendo parte de comando de trafico de drogas etc. Meninos que morem e matam estupidamente aos 15 anos. Então o papel do professor é imprescindível e importantíssimo para que os meninos sejam orientados. Aliás, uma coisa que eu venho pedindo sozinho a 23 e 24 anos, é que, enquanto o governo não entender que nós precisamos da educação coletiva através dos meios de comunicação e rede nacional de rádio e TV ás oito horas da noite, cinco minutos para que nós, sociedade brasileira sejamos reciclados, eu acho que não adianta nada. Professores vão enfrentar meninos que fazem parte de grupos de bandidos, meninos armados que picham a cidade e escolas, que agridem colegas. Tudo isso é parte do trabalho importantíssimo dos professores.
Por isso que eu não acredito que o seu dia seja feriado. Feriado nós temos de Sábado e Domingo!
FB: Você deve ter boas lembranças de sua primeira professora...
Ver. Agnaldo Timóteo: Eu sou semi-analfabeto! Eu tenho o 3°ano primário. Eu não tenho diploma nem de grupo escolar Dom Carmo, Princesa Isabel. Como também não tenho do ginásio da Escola Técnica de Comercio Nossa Senhora das Graças, onde estudei por 4 meses. Na 1ª serie sai para lutar para a sobrevivência em Governador Valadares. Então, eu não tenho nenhum diploma.
Sou semi-analfabeto, mas isso não impediu que, através dos meios de comunicação, vale a referencia, através das minhas leituras, através de minhas observações, eu hoje posso me considerar um homem possivelmente esclarecido.
FB: Seu aniversário foi no dia 16 de Outubro...
Ver. Agnaldo Timóteo: 78 anos de idade! 55 deles pelo mundo enfrentando dificuldades do dia a dia...
FB: Se você tivesse que ganhar um presente e pudesse escolher, qual seria esse presente?
Ver. Agnaldo Timóteo: A paz! O mundo está condicionado e isso nos assusta muito. Pessoas que matam sem o menor motivo. Volto àqueles meninos de 15 anos, que assaltam uma pessoa e a matam por um relógio. Então eu acho que é preciso que nós tentemos desesperadamente embutir na mente desses meninos que o amor é tudo!
FB: As religiões afro sofrem com a intolerância, tanto a Umbanda, o Candomblé... O que você pode falar sobre isso, sobre a intolerância religiosa?
Ver. Agnaldo Timóteo: Acho que existe também preconceito dos católicos contra evangélicos, e vice-e-versa, e são comportamentos lamentáveis do ser humano. Você quando vê um menino muito sujo entrando num restaurante se ele vai até a sua mesa, você pede ao garçom para dizer a ele que irá atende-lo lá fora. Porque é o preconceito inserido na nossa sensibilidade,_não sei! Eu deploro qualquer tipo de preconceito. Eu acho que não deve existir.
FB: E quanto ao preconceito racial propriamente dito?
Ver. Agnaldo Timóteo: Nós não temos preconceito racial e sim social. Onde não entra um negrinho sujo também não entra um branco (sujo). Onde não entra um negro desdentado, não entra um branco desdentado, com chinelo sujo. Então o que existe agora? Também tem uma coisa: os negros cometem muitos erros porque não apóiam os negros. Os que contabilizam, que se consagram, que se tornam milionários, não oferecem aos negros o direito de se tornarem assim também. Então é preciso deixarmos de sermos preconceituosos com nós mesmos. Talvez as coisas melhorem. Eu tenho profundo pesar do comportamento das nossa celebridades do futebol, do axé, do pagode, de todos eles. Têm uma famazinha, querem uma loira gelada como se fosse um troféu. Como se tivesse vergonha de seus próprios pais.

FB: O Dia da Consciência Negra você já falou...
Ver. Agnaldo Timóteo: Dia da “Inconsciência” negra! Nós não temos Dia da Consciência Negra! Se tivéssemos consciência negra não teríamos aqui (somente) dois vereadores negros: Agnaldo Timóteo e Claudete Alves, que é do PT, que por sinal é uma brilhante vereadora. Porque os negros parecem que tem vergonha de votar nos seus irmãos. É como se nós fossemos inferiores aos nossos irmãos brancos. Eu não fui eleito pelos negros! Fui eleito por uma mistura de raça, já que eu havia passado pela casa dos artistas. Acredito que tenha feito junto a família brasileira uma bela imagem. Isso é, onde quer que eu me apresente o publico branco é muito maior que o publico negro. Então, eu acho que os negros precisam se orgulhar dos seus ídolos negros, dos seus representantes negros, de seus familiares negros.
FB: Luiz Gonzaga tem um trecho de uma música que fala com relação à esmola: "Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão". Temos algumas políticas assistencialistas. O que você pensa disso?
Ver. Agnaldo Timóteo: Imprescindíveis! Imprescindíveis! É muito bonito que os teólogos, os intelectuais, condenem o Presidente da República por ter esta preocupação paternalista. Porque eles não estão lá nos sertões para matar a fome! Onde não tem água, não tem nada. Então, é mais do que justo que o presidente use parte desse dinheiro que este País arrecada para cuidar dos miseráveis. Nós, Classe média, e nós, classe pobre, nos cuidamos de uma maneira ou de outra de sobrevivermos através do nosso trabalho. Agora os miseráveis lá perdidos, são milhões e milhões! Aqui em São Paulo, pessoas que dormem debaixo de viadutos, sem alimentos, sem lugar para suas necessidades... Tem que cuidar dessa gente mesmo! Se eu fosse presidente, eu não seria democrático! Seria ditador! Eu seria pior que Hugo Chaves! Milhões de vezes! Cuidar da plebe mesmo! Tem que cuidar da plebe!
FB: Você tem um Site que eu admiro: " Alô Mamãe"...
Ver. Agnaldo Timóteo: Eu tenho um e-mail ‘alomamae@agnaldotimoteo.com.br’ e tenho um site, http://www.agnaldotimoteo.com.br/ (Que quando escrevem com ‘Gui’ eu não leio, fico indignado! Não leio! Meu nome é com ‘G’ mudo!)
FB: Então, a idéia é essa: Mamãe!
Ver. Agnaldo Timóteo: ‘Mamãe’ é tudo na vida de uma família! ‘Mamãe’ é a grande representante da multiplicação. (...) As mulheres têm o privilégio de carregar uma criança por nove meses. Portanto, a mulher é o ser mais importante que temos entre nós, por tudo o que ela representa. Eu acho que o amor que dediquei à D. Catarina foi muito pouco. Deveria ter sido muito mais! Todo filho tem que ter essa noção de dever. Isso é dever! Não é nenhum favor! Ser um bom filho, cuidar bem da mãe e do pai! É melhor cuidar dos pais quando tem um bom emprego. Procurar saber se está tudo bem com eles. Se estão se alimentando, se precisam de cuidados médicos, se estão morando com dignidade. Nós, as pessoas de melhor condições financeiras, precisamos preocupar com aquelas que lamentavelmente estão passando por dificuldades.
FB: Gostaria que você deixa-se uma mensagem para nossos leitores.
Ver. Agnaldo Timóteo: Eu quero dizer para você Emmanuel e também para a Dhiana (nossa repórter) que são representantes da Folha de Bonsucesso e da Folha Afro de Guarulhos e para todos os leitores o seguinte: Que todos os seus leitores não se deixam envenenar pelos recentimentos dos formadores de opiniões. Principalmente como pessoas como Luís Datena. Porque eles não têm a menor noção do que nós fazemos e representamos. Eles só têm uma preocupação: em
usar uma linguagem mais demagoga possível para que o Ibope se multiplique. Então não se deixem envenenar! Nós estamos aqui com maior honra, representando a população de São Paulo. Brigando, dando ‘porrada’ em defesa da população. Não nos queiram mal! Nós queremos bem a todos munícipes.
Prof. Emmanuel: Muito obrigado! A Folha de Bonsucesso e a Folha Afro de Guarulhos agradecem sua atenção!